domingo, 25 de outubro de 2009

SIMPLESMENTE AMOR




Simplesmente Amor
(Love Actually)

ano de lançamento ( Inglaterra ) : 2003
direção: Richard Curtis
atores: Hugh Grant , Colin Firth , Sienna Guillory, Liam Neeson , Lulu Popplewell e Rodrigo Santoro (Karl)
duração: 02 hs 14 min
Gênero: Comédia Romântica

Descrição:
O diretor Richard Curtis leva às telas diversas histórias em que o amor modifica a vida das pessoas.

Sinopse:
O novo Primeiro-Ministro da Inglaterra (Hugh Grant) se apaixona por uma de suas funcionárias, Natalie (Martine McCutcheon). Numa tentativa de curar seu coração, um escritor (Colin Firth) parte para o sul da França e lá acaba se apaixonando. Karen (Emma Thompson) desconfia que Harry (Alan Rickman), seu marido, a está traindo. Juliet (Keira Knightley), que se casou recentemente, desconfia dos olhares e intenções de Mark (Andrew Lincoln), o melhor amigo de seu marido. Sam (Thomas Sangster) tem por objetivo chamar a atenção da garota mais difícil da escola. Sarah (Laura Linney) enfim tem a grande chance de sair com Karl (Rodrigo Santoro), por quem mantém uma paixão silenciosa. Billy Mack (Bill Nighy) busca retomar sua carreira como astro do rock. A vida de todos estes personagens se entrelaçam e são modificadas pela presença do amor em suas vidas.

O filme é uma comédia romântica que reúne dez histórias de amor diferentes, com uma pequena relação entre elas. No final todas as histórias se convergem para um conto de Natal. A história se passa em Londres, com algumas cenas rodadas na França.




Ambientado em época natalina na maravilhosa Londres, o filme conta o envolvimento de oito personagens (sem necessidade de utilizarmos aqui o termo “principais”, pois realmente não será preciso), suas paixões, emoções e também, frustrações.

“Frustrações”, está ai um ponto que já começa a diferir ‘Simplesmente Amor’ de outras comédias quaisquer... Richard Curtis, apesar de estar fazendo um filme alegre que procure explorar o amor de todas as formas possíveis, seja ele um amor declarado, reprimido, tímido ou infantil, também não poupa o público de mostrar que, se por um lado alguns estão felizes, outros nem tanto... Mas é claro que ao final da película, com todas aquelas bonitas seqüências mostradas, o que realmente fica gravado em sua cabeça é que realmente o filme teve um final “feliz”, mas não se engane, pelo menos três dos casos mostrados realmente não acabaram de uma maneira tão “simpática” assim.

Puxando esse grande elenco de atores e atrizes fantásticos temos Hugh Grant, obviamente, que como podemos perceber pelo trailer, sua postura galante e elitista lhe dera o papel de primeiro-ministro da Inglaterra. Como poderíamos esperar, o filme conta o envolvimento do primeiro-ministro com uma bonita secretária sua, Natalie, interpretada por Martine McCutcheon, que aqui trabalha em seu segundo longa metragem. No que diz respeito ao personagem de Grant, temos ótimas cenas. Engraçadas, que podem ser conferidas enquanto o ator contracena com seu par romântico e também nem tão engraçadas.

Pra deixar as coisas ainda mais engraçadas, quem faz o papel de presidente norte-americano é ninguém menos que Billy Bob Thorton (de ‘A Última Ceia’) e aqui mais uma vez esbarramos em críticas de Curtis que podem ser meramente notada ao percebemos a postura do presidente. Bob está muito bem alinhado no filme, o que certamente é uma surpresa, e ao mesmo tempo passa todo aquele ar superior que um presidente norte-americano aparenta ter. Frases como “lhe daremos tudo que possamos dar para aumentar a cooperação entre nossas nações. Contanto que não seja algo que eu obviamente não queira dar” dão ainda mais vida e também personificação ao personagem de Billy Bob.

Bem, é óbvio que ao tratarmos desse caso no filme não poderíamos deixar de comentar a atuação de nosso astro e talvez representante único nacional entre atores e atrizes no circuito internacional, Rodrigo Santoro. Será que o mesmo deixou a desejar em seu primeiro papel real em um filme estrangeiro? Até porque sua participação na seqüência da série “As Panteras” foi tão ridícula que mal poderíamos chamar de participação, foi uma mísera ponta mesmo. Mas agradavelmente a resposta para a pergunta acima é um caloroso “sim”. Santoro está muito bem em ‘Simplesmente Amor’, com bom tempo de permanência em tela e o que é mais importante: com falas. Talvez o que tenha mais me chamado atenção ao ver Rodrigo em ação tenha sido seu sotaque de estrangeiro, praticamente inexistente aqui, o que é uma coisa difícil de se reprimir. Artistas como Jennifer Lopez e outros que moram há algum tempo nos Estados Unidos por mais que tentem não conseguem esconder suas raízes através da fala, mas Rodrigo conseguiu. Seu personagem é um típico trabalhador galante inglês e, como isso não é algo que exija tanto trabalho como o personagem do mesmo em ‘Abril Despedaçado’, dizemos que ele fez de maneira correta (ou simplesmente “boa”) o que realmente deveria ter feito. As portas de Hollywood para o ator brasileiro com certeza permanecem abertas.

‘Simplesmente Amor’ é um filme aberto com uma bonita apresentação, ou deveria dizer uma bonita mensagem. Richard Curtis nos mostra várias tomadas de pessoas felizes chegando no aeroporto de sua cidade, e ele singularmente procura explorar e extrair o amor por detrás de cada situação individual que ele visualiza. Amor de irmãos. Amor de namorados. Amor de casados. Enfim, uma maneira simples e correta para depois exibir o título “Love is All Around”, que aos poucos transforma-se em “Love Actually”. Uma apresentação simples mais ainda assim muito bela.

Mack é divertidíssimo. Fala exatamente o que pensa, a mais simples e pura verdade quando perguntado, seja em relação a seu mais novo trabalho, seja em relação ao que o cantor acha das bandas teens mundo afora ou até mesmo o que ele pensa de seu empresário “gordo” como ele mesmo o chama.

Simplesmente Amor deparou-se com uma situação diferente. Apesar de ser visto como uma comédia leve recebeu uma pesada censura nos EUA e no Brasil (censura 14 anos). Deve ser por causa de John e Judy.

Martin Freeman (que aqui faz sua estréia, seu primeiro longa metragem que lhe renderá outros trabalhos no futuro) e Joanna Page (de ‘From Hell’, onde contracena ao lado de Johnny Deep) interpretam o casal – um tanto quanto sem graça, mas ainda assim impactante – John & Judy. Ambos são colegas de uma profissão que aos olhos do público soa um tanto quanto estranha: dublês de cenas pornográficas em produções de Hollywood. E assim se conhecem, em meio a um trabalho; durante a perpetuação do relacionamento dos dois, o público vai ficando cada vez mais espantado com a natureza das cenas a medida que elas vão ficando mais calientes. Poucos minutos de produção são passados até que ambos estejam completamente nus gravando.

O “amor” do relacionamento surge no ambiente de trabalho mesmo, ambos são tímidos até não poder mais e suas conversas durante as cenas (ah, será que alguém realmente prestou atenção nelas?) apenas comprovam ainda mais isso... Aliás, temos aí uma situação um tanto quanto conflitante, personagens extremamente tímidos em profissões que jamais poderiam exigir pessoas com essa característica. Mas tudo bem, em ‘Simplesmente Amor’ isso é apenas um pormenor insignificante.

Bem, no que diz respeito ao desfecho desse episódio ele é o mais bobinho de todas as seqüências. Judy diz a frase: “All I want for this christmas is you”. Pensamos que finalmente a coisa vai engatar mas ela simplesmente pára aí, mas tudo bem... foi um final razoável para um casal tão tímido (ou nada tímido) assim.

Keira Knightley realmente está com tudo em Hollywood. A menina que estreou com o pé certo em ‘Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra’ provou saber escolher bem seus papéis, o que é uma característica essencial para um ator ou atriz manter-se constantemente “em forma” em Hollywood.

O final do filme ao mesmo passo que é muitíssimo bonito e fino, é também triste. Como o próprio Mark ostentava “era uma questão de auto-preservação”. O diretor de fotografia também abusou dos detalhes ricos do ambiente em que a história desse triangulo amoroso ocorreu. As tomadas de Londres estão maravilhosas bem como a trilha sonora, mas isso comentaremos mais especificamente a frente. Histórias de amores reprimidos ou não declarados geralmente rendem histórias tristes com finais infelizes, aqui, tínhamos tudo para ter mais um deles, entretanto, a forma como Curtis fez com que o personagem de Andrew demonstrasse “oficialmente” seu amor pelo outro personagem em questão realmente não faz com que esse sentimento de tristeza brote dentro das pessoas, pelo contrário, Curtis e Andrew acabam é conseguindo extrair grandes sorrisos e suspiros do público. Palmas para ambos. Belíssimo trabalho.

Essa não é a primeira vez em que Richard Curtis e Colin Firth trabalham lado a lado; e aqui pelo jeito a química entre ambos provou mais uma vez dar tão certa quanto deu em ‘O Diário de Bridget Jones’.

Aliás, uma coisa interessante e que dá vida e ritmo ao filme é o fato que você sente a ligação forte entre os personagens, entre o elenco, mesmo quando um ou outro que esteja em cena não pertença exatamente a aquela seqüência, temos ai pequenas participações e observamos um fenômeno de “cross-over”, unindo e aproximando as histórias, fazendo com que elas, na verdade, pareçam uma coisa única e integrada ao público.

No que tange a direção de arte, a equipe de Curtis trabalhou brilhantemente; os laços e traços natalinos presentes no filme, bem como a fotografia e os cenários são praticamente um show a parte. Londres está realmente impecável para um romance pós-moderno adaptado por Richard Curtis. O filme, um último capricho, ainda acaba da mesma bonita forma como começou, com as lindas imagens gravadas em câmeras amadoras nos aeroportos...

A trilha sonora de ‘Simplesmente Amor’... Esse item realmente merecia um capítulo inteiro a parte; digo isso porque ela é realmente fantástica. Temos Beatles, Bay City Rollers, Dido, Justin Timberlake, Norah Jones, Santana, The Calling e mais, muito mais... Mas talvez a maior surpresa tenha sido mesmo ‘Maroon 5’ com a música Sweetest Goodbye, simplesmente a cara de ‘Love Actually’.

Por fim, gostaria apenas de acrescentar que ‘Simplesmente Amor’ é um filme excepcional que redefinirá o termo “comédia romântica” por alguns anos daqui pra frente. O filme traz ótimas histórias, excelentes personagens, direção fantásticas e também faz duras criticas, como já dito. A única coisa que posso recomendar e que vejam esse filme custe o que custar; e lembrem-se...

“All you need is Love“. Cinco estrelinhas...

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