domingo, 8 de novembro de 2009

MARGOT E O CASAMENTO



Margot at the Wedding, 2007. Direção: Noah Baumbach. Elenco: Nicole Kidman, Jennifer Jason Leigh, Jack Black, Zane Pais, John Turturro, Ciáran Hinds, Flora Cross, Halley Feiffer, Seth Barrish, Matthew Arkin, Michael Cullen, Enid Graham, Justin Roth.
Roteirista(s): Noah Baumbach.

Gênero: Comédia dramátíca.

Gosto do trabalho de Nicole Kidman e Jennifer Jason Leigh. A direção e roteiro de Noah Baumbach, o homem que impressionou com o seu The Squid and the Whale (A Lula e a Baleia). O realismo é típico de Baumbach. Gostei muito do trabalho de Jack Black. Acostumada a ver Black em papéis cômicos foi grata a minha surpresa ao vê-lo atuando em um papel dramático. Note-se que esse gênero de filme é muito difícil de ser trabalhado. Existe uma linha tênue entre a delicadeza e o grotesco.

HISTÓRIA: Margot (Nicole Kidman) viaja com o filho Claude (Zane Pais) para o casamento da irmã Pauline (Jennifer Jason Leigh). As duas não se falam há algum tempo, mas Margot diz que é importante a presença dela e do filho para apoiá-la neste momento. Detalhe: Margot não entende, em nenhum momento, como Pauline irá se casar com um homem como Malcolm (Jack Black), um sujeito sem trabalho definido que já foi músico e que atualmente divide o tempo escrevendo cartas para jornais e revistas e pintando algumas obras. Chegando na casa de Pauline, Margot revela que terá em poucos dias um compromisso profissional, uma conversa em uma livraria com leitores de sua última obra. Aos poucos as diferenças familiares vão aflorando, assim como a relação conflituosa entre Margot e seu marido Jim (John Turturro) e a relação dúbia dela com o também escritor Dick Koosman (Ciarán Hinds).

Se percebe de maneira muito forte a relação pais e filhos, mostra a falência da instituição família. Vê-se a competição, amor e repulsa entre irmãs e vizinhança.

Observei que o roteiro é fantástico. A marca de Baumbach se vê em todas as cenas. É puro realismo. Cenas que acontecem nesse filme se vê constantemente na vida real. Chega-se a crueldade. O espectador acha que alguma coisa grave está para acontecer a qualquer momento. É o ponto forte do filme. A expectativa.

Uma frase cabe bem nesse filme: "Por que as pessoas que amamos são as que mais magoamos?"

No caso de Margot e da irmã Pauline, elas dividem vivências, segredos. Uma forte ligação que mantemos com irmãos e amigos.

Uma das primeiras – de muitas – cenas fortes e interessantes do filme é quando Claude caminha até a parte que separa os vagões do trem em que viaja com a mãe e começa a gritar. Essa vontade de gritar, de extravasar uma angústia reprimida, poderá ser sentida depois em quase todos os personagens. Pelo menos nos centrais: Margot, Pauline e Malcolm. É a velha história da briga entre a sinceridade e o jogo social de manter-se controlado. Todos são muito sinceros no filme, chegando, como eu disse antes, até ao ponto de serem algumas vezes cruéis – especialmente Margot. Mas, ao mesmo tempo, aos poucos vamos vendo como todos também dissimulam o que sentem, disfarçam, jogam “o jogo” que se espera que as pessoas joguem na sociedade.

Outro tema importante no filme é a dificuldade das pessoas em manter relações de dependência ou “para a vida inteira”. Margot sofre com isso, intensamente.

Nicole Kidman e Jennifer Jason Leigh estão perfeitas em seus papéis.

Margot foi todo filmado no Estado de Nova York, em diferentes locais, como o Bronx e Long Island.

Perfeita a direção de fotografia assinada por Harris Savides.

O garoto que interpreta Claude, Zane Pais, faz aqui a sua estréia nos cinemas. E o faz muito bem! Ainda que em um papel muito menor, está bem a atriz Flora Cross como Ingrid, a filha de Pauline que anda em uma fase de descoberta sexual e de curiosidade por possíveis gays que a rodeiam. Merece citação também Halley Feiffer como Maisy Koosman, a filha de Dick que trabalha como babá esperádica de Ingrid na casa de Pauline e Malcolm. Interessante como toda vez que ela aparece no filme ela literalmente rouba a cena.

Existem cenas meio grotescas no filme, mas não vou comentá-las. São duas cenas e frases que achei desnecessárias.

Filme forte, real e cruel às vezes, mas que abrange questões muito comuns na nossa sociedade moderna, como a difícil relação entre pais e filhos, entre dependência emocional e afetiva e a busca da independência, entre a prática do “jogo social” e o que alguns buscam praticar como “sinceridade extrema”. Bem dirigido e com um roteiro interessante, tem grandes interpretações do seu elenco, em especial de Nicole Kidman e Jennifer Jason Leigh.

Enfim, um bom filme. Você ama ou odeia. Vale à pena assistir. Ele é instigante. Nota: 3,5 estrelinhas.

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